Zara. O colosso têxtil de Amancio Ortega nasceu há meio século

Com mais de 2.000 lojas em todo o mundo e uma faturação de 28 mil milhões de euros, o colosso têxtil criado pelo espanhol Amancio Ortega é o símbolo da democratização da moda.

Foi na Corunha, na Calle Juan Flórez, 64-66, a poucos metros da velha Camisería Gala, onde Amancio Ortega começou a trabalhar, que, no dia 9 de maio de 1975, nasceu a primeira loja da Zara. Meio século depois, a marca que viria a tornar-se um império da moda e a “jóia da coroa” do património criado do nada pelo espanhol continua a revolucionar o mundo da moda e a vestir pessoas em todo o mundo. Com mais de 2.000 lojas e uma faturação de 28 mil milhões de euros, a Zara continua a reforçar o seu peso como colosso têxtil e a engordar a fortuna do industrial espanhol.

A primeira Zara foi a primeira marca de roupa lançada por Ortega, que já confecionava roupa de mulher na sua fábrica Confecciones GOA. Desde o seu lançamento ao sucesso mundial, que marcou a democratização da moda, através da venda de peças de roupa acessíveis a todas as carteiras, foi um “saltinho”. O sucesso foi tal que, poucos meses depois, a 1 de dezembro de 1975, Ortega abriu a segunda loja, na Calle Torreiro, também na Corunha.

A loja da Juan Flórez assinalou o meio século da marca com uma “reforma de aniversário”, em forma de homenagem ao lugar onde nasceu aquele que seria o maior negócio da Inditex, criada mais tarde. O nome original escolhido por Ortega para a sua marca de roupa não era Zara, mas sim Zorba, inspirado nos filmes do grego. No entanto, a poucos metros do local onde nasceu a nova loja já existia um bar com o mesmo nome. Uma troca aleatória das letras chegou ao nome que hoje é conhecido em todo o mundo: Zara.

Filho de uma família humilde, Ortega começou a trabalhar com apenas 14 anos na famosa loja de camisas Camisería Gala, na Corunha. Mais tarde, usaria a sua experiência para criar a sua própria confeção de roupa, em 1963, que serviu como alavanca para a Zara. O novo conceito apresentado por Ortega assentava numa loja que vendia roupa que seguia as últimas tendências da moda — empresa consegue lançar novas coleções num curto espaço de tempo — , a preços baixos. E rapidamente conquistou o público. Primeiro os espanhóis, depois o resto do mundo.

Outro dos segredos da marca é a gestão dos stocks. Em vez de apostar em grandes produções, a marca privilegia stocks relativamente curtos, os quais troca com regularidade, dando uma “sensação” de exclusividade aos seus clientes.

Menos de dez anos depois, entre 1983 e 1985, Ortega testou o modelo da sua loja nas grandes cidades, com a abertura das primeiras lojas em Barcelona e Madrid. Nos anos seguintes, impulsionados pela adesão de Espanha à CEE, em 1986, o agora multimilionário pôs em curso o seu processo de internacionalização.

O Porto, devido à proximidade da Galiza, foi a primeira cidade escolhida para testar o sucesso fora de “casa”, em 1988. Um ano depois, o verdadeiro teste: a Zara chega a Nova Iorque, com uma loja na Lexington Avenue. Seguiu-se Paris, em 1990, e muitos outros países. Em 2010, o grupo contava já com 5.000 lojas abertas.

A crescente visibilidade e o sucesso a nível internacional iam aumentando de ano para ano. Mas Ortega não se ficou pela Zara, com o espanhol a juntar outras conhecidas marcas ao seu negócio, como Oysho, Stradivarius, Pull & Bear, Uterqüe ou a Massimo Dutti. Para juntar todas as marcas debaixo de uma empresa, Ortega criou a Industria de Diseño Textil S.A, Inditex, em 1985.

Em 2001, a dona da Zara estreou-se em bolsa, um importante passo para dar um impulso financeiro ao negócio e aumentar ainda mais a sua visibilidade, ao mesmo tempo que elevou o nível de exigência do negócio. A entrada no mercado abriu o capital a outros investidores, ainda que a maioria das ações permaneça nas mãos da família Ortega.

Cada ação da Inditex vale hoje 48,43 euros, mais de três vezes acima dos 14,90 euros a que os títulos foram vendidos na oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), em maio de 2001. No ano passado, os títulos dispararam perto de 26%, elevando o valor da fortuna do grupo industrial da família Ortega para mais de 118 mil milhões de euros.

Marta Ortega, filha do segundo casamento de Amancio Ortega, está desde há alguns anos à frente da Inditex.

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