Seguros de vida precisam de melhor comunicação para desconstruir mitos

  • ECO Seguros
  • 4 Junho 2025

Num evento organizado pela Mudey debateram-se os obstáculos do seguro de vida para se tornar instrumento central de proteção financeira. Mitos afastam clientes.

O seguro de Vida deve abandonar a imagem de mera imposição associada ao crédito à habitação para se afirmar como instrumento central de proteção financeira e de planeamento familiar a médio e longo prazo, foi a conclusão principal da sessão promovida pela insurtech portuguesa Mudey com representantes da April, da Prévoir e da Zurich. O ponto de partida do debate foi o “Estudo sobre o Seguro de Vida 2025”, no qual a Mudey traçou o retrato do conhecimento, da perceção e da adesão dos portugueses a este produto: um em cada cinco segurados desconhece as coberturas que contratou e persiste uma desconfiança significativa em relação ao pagamento de sinistros.

Ana Teixeira, MudeyMudey

Ao longo da mesa-redonda, ficou claro que para os participantes a chave para alterar este cenário passa por uma comunicação mais pedagógica, segmentada e contínua. “O seguro de vida não deve ser apenas um requisito bancário. Deve ser uma escolha consciente de proteção pessoal, familiar e patrimonial”, frisou Ricardo Neves, diretor de canais alternativos e parcerias da Zurich, acrescentando que é preciso “inverter o driver de aquisição” e fazer do seguro parte integrante de um “plano de vida”.

A urgência de combater o défice de informação tornou-se evidente quando os participantes lembraram que muitas apólices são subscritas rapidamente para cumprir exigências de proteção. “Não basta vender. É preciso continuar a comunicar e garantir que o cliente sabe o que tem e quando o pode usar”, alertou Mónica Nicolau, diretora comercial da April, defendendo um pós-venda com esclarecimentos regulares, atualizações de coberturas e recolha de feedback, de forma a fortalecer a relação de confiança entre seguradora e segurado.

No que diz respeito à perceção de incumprimento por parte das seguradoras (ou seja, na crença popular que quando é preciso, as seguradoras não pagam) Paulo Silva, diretor comercial da Prévoir, afirma que “cerca de 75% dos prémios pagos pelos segurados são devolvidos à sociedade sob a forma de indemnizações ou provisões para pagamentos futuros”, o que evidencia, sublinhou, uma taxa de cumprimento “elevada” face à desconfiança pública. Os intervenientes concordaram que estes dados devem ser comunicados através de exemplos concretos e histórias de impacto positivo.

O estudo revelou ainda que trabalhadores independentes e famílias de rendimentos mais baixos são os grupos mais desprotegidos, precisamente aqueles que mais beneficiariam de uma rede de segurança financeira. Para chegar a estes públicos, foi defendida uma comunicação segmentada: canais digitais para os mais jovens, narrativas empáticas para quem tem menor literacia e linguagem clara, livre de jargão técnico. A diretora comercial da April contrariou o mito de que o seguro é caro indicando que “hoje é possível contratar seguros com capitais ajustados e prémios acessíveis, sem a comprometer a proteção essencial”

Outro desafio prende-se com a subida acentuada dos prémios a partir dos 50 anos – grupo etário cada vez mais responsabilidades financeiras (e que, por isso, precisa de proteção por mais tempo) devido ao aumento da esperança média de vida, ao adiamento da parentalidade e pela compra tardia de habitação.

A solução passa por alargar a base de segurados entre os 50 e os 60 anos para diluir o risco e, assim, poderá ser possível reduzir os custos, indicou Paulo Silva. A tecnologia pode acelerar este processo: ferramentas de monitorização da saúde do utilizador já permitem modelos de pricing mais justos, graças a uma avaliação dinâmica do risco.

A sessão terminou com um apelo transversal ao setor: promover literacia financeira, manter uma comunicação próxima e transparente para construir confiança e conseguir colocar o seguro de vida no centro das decisões de planeamento financeiro das famílias portuguesas.

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