Marcelo lamenta falta de peso geopolítico da Europa que não foi informada sobre ofensiva israelita

  • Lusa
  • 13 Junho 2025

Marcelo alertou para a necessidade de a União Europeia reforçar a sua capacidade de defesa e segurança, face a um contexto internacional marcado por instabilidade.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta sexta-feira que a Europa tem um peso geopolítico reduzido por falta de capacidade militar, e lamentou que os líderes europeus não tenham sido informados previamente da ofensiva israelita.

O problema é que a Europa precisa de mais peso militar, para poder aumentar o seu peso geopolítico. O Sr. Netanyahu comunicou ao Presidente Trump que ia atacar. Não foi para nenhum dos líderes da Europa”, referiu o chefe de estado à margem de uma visita à Feira Nacional da Agricultura, em Santarém.

Marcelo alertou para a necessidade de a União Europeia reforçar a sua capacidade de defesa e segurança, face a um contexto internacional marcado por instabilidade e “decisões unilaterais de potências globais”.

A Europa não pode manifestar muito mais do que preocupação se não tiver poder militar“, afirmou, defendendo um aumento faseado do investimento na área da Defesa, de 2% para 5% do PIB, com o objetivo de garantir maior peso político e estratégico à União.

O chefe de Estado considerou prudente a decisão da Comissão Europeia de permitir uma derrogação orçamental temporária para acomodar este esforço, mas advertiu que será necessário garantir que os fundos tradicionais da União não sejam sacrificados.

Sobre o ataque de Israel contra o Irão com bombardeamentos a instalações militares e nucleares que mataram vários altos oficiais iranianos, bem como cientistas e outros civis, Marcelo Rebelo de Sousa classificou a ação militar israelita como uma “demonstração de poder” com vários objetivos estratégicos, entre eles travar o programa nuclear iraniano, enfraquecer a liderança militar do país e condicionar negociações internacionais.

“Israel, com esta atuação, consegue vários objetivos ao mesmo tempo”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, destacando ainda que a ofensiva serve para “desviar a atenção da questão palestiniana”.

Confrontado com o aumento de episódios de violência em Portugal, incluindo um ataque recente a um ator de teatro por um grupo neonazi, o chefe de Estado alertou para a influência do clima internacional de guerra e instabilidade.

Estamos a assistir, infelizmente, a uma normalização da violência, mesmo em países tradicionalmente pacíficos”, afirmou. E acrescentou: “Portugal ainda é, felizmente, muito diferente daquilo que vemos à nossa volta”.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que a paz e a democracia se constroem diariamente e apelou aos atores políticos para que promovam a estabilidade e evitem alimentar a conflitualidade. “A democracia verdadeiramente estável é uma democracia pacífica”, afirmou.

Depois de ter sido homenageado pela Confederação de Agricultores de Portugal (CAP) no início da visita, o Presidente da República alertou também para os riscos na proposta de um “envelope único” para os fundos europeus destinados à agricultura.

O chefe de Estado sublinhou que a proposta de concentrar os apoios num único pacote pode ser “burocraticamente fácil, mas substancialmente injusta”, por não refletir as diferentes realidades dos Estados-membros. “Meter tudo no mesmo envelope não é uma boa ideia”, referiu.

Marcelo considerou esta uma “luta europeia” que Portugal deve travar com aliados, incluindo outros países e federações do setor. O Presidente destacou ainda a presença de um comissário europeu na feira, o que não acontecia há uma década, como sinal de empenho e solidariedade da União Europeia com o setor agrícola português.

Marcelo Rebelo de Sousa classificou o próximo ano como “decisivo” para o futuro da política agrícola europeia, sublinhando que a discussão do novo quadro financeiro plurianual será “a questão” central para Portugal e para a Europa.

“Estamos a falar em questionar uma política que tem décadas. Mudou, mas continua a ser essencial”, afirmou, apelando à mobilização do setor e à ação política para garantir uma solução equilibrada.

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